Há uma nova geração chegando ao mercado de trabalho brasileiro: geração
Z.
Claro que eles estão chegando as empresas familiares e começando a praticar estágios nas organizações.
O que importa é que eles estão chegando devagar, mas chegando.
Esse grupo é sociologicamente definido como aqueles que nasceram entre
os anos de 2001 a 2010.
Todos fortemente influenciados pelo verbo “zapear”, um comportamento que
caracteriza-se pela mudança constante do canal de televisão; da TV para a
internet; da net para o telefone; do fone para o smartphone; do celular para o tablet; do tablet para o videogame. Fazem isso com a maior naturalidade e
conseguem entender de tecnologia como ninguém. São nativos digitais com mente
virtual.
Estes serão a próxima geração a penetrar no mercado de trabalho e
estarão atuando ao lado dos membros da geração Y, os nascidos entre 1980 ao
final dos anos 1990 que, já acostumados, também não vivem sem a tecnologia,
principalmente os computadores e os celulares.
Eu sou da geração X, pois nasci na década de 1960, marcada pelas grandes
transformações políticas mundiais e também no Brasil, e tenho que conviver com
novas formas comportamentais dos Y e Z no ambiente corporativo e familiar.
E quais são as influências da tecnologia no comportamento das pessoas e
no ambiente de trabalho?
Creio que melhoramos muito a nossa produtividade e a comunicação ficou
mais interativa e instantânea.
Sou do tempo da máquina de escrever. Atuava como jornalista numa redação
de jornal diário. Não largava a minha “olivetti linea 98”, uma baita evolução
na época. Era um exímio datilógrafo, mas com a evolução fui capaz de melhorar
minha produtividade, com certeza. Na redação havia um telex, conectado ao
sistema Telebrás e com a agência de notícias JB. Era tudo quase instantâneo, mas
dependíamos da velocidade do aparelho, da linha telefônica. Para evitar os
erros, acompanhávamos as maiores redes de rádio do Brasil. Conferíamos tudo
antes de publicar.
Confesso que sempre fui mais conservador, em essência; mas, optei por
mudar alguns paradigmas nos últimos anos para manter uma boa convivência com as
novas gerações, principalmente em razão do meu próprio trabalho no meio
empresarial.
O mundo empresarial está preparado para esta convivência de gerações e
seus comportamentos diferenciados?
Algumas organizações estão investindo fortemente em programas de
desenvolvimento de pessoas para diminuir os impactos negativos deste fenômeno
social: o conflito das gerações no ambiente interno das empresas.
Os jovens, é claro, chegam com novas ideias, uma nova forma de ver os
modelos gerenciais, são mais questionadores, são conectados na comunicação
instantânea, mais avessos as regras, ávidos por crescer rápido, buscadores
vorazes de informações, principalmente em redes sociais, em detrimento ao e-mail
– representante da transição da geração X para a Y.
Essa geração ama mudanças. Conectados ao mundo digital e altamente
influenciados pelo domínio da tecnologia, esses jovens chegam ao mercado de
trabalho esperando encontrar um mundo semelhante ao seu: conectado, veloz,
global e aberto ao diálogo.
Dados interessantes foram
mostrados pela pesquisa Radar Jovem,
realizada com mais de dois mil entrevistados, entre 18 e 30 anos, em seis
capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis, Curitiba e
Goiânia, em 2013, que valem a pena ser analisados: 1) se a empresa não indica
que possui um plano de carreira, os jovens preferem não esperar especialmente
aqueles que completaram a universidade e estão em cursos de MBA ou
pós-graduação; 2) Apenas 30% permanecem no mesmo emprego por mais de um ano; e
3) A conclusão dos cursos de especialização e compra da casa própria em até
três anos são os principais objetivos para 56% dos jovens.
Vejam que eles estão
convictos de que o tempo é veloz e que eles não podem perder as oportunidades
para alcançar os objetivos. São inquietos quanto ao futuro.
E dentro das corporações estão os mais antigos, que como eu, que
precisam reaprender esse convívio, quebrando resistências ao modo de vida e as
novas ideias que as novas gerações trazem para dentro do ambiente empresarial,
menos hierarquizadas.
Ter a coragem de encarar a opção de mudar e atualizar o negócio, criando
novas formas de liderança e de motivação funcional.
Lutar contra a maré será um esforço gigantesco com um resultado já
previsível.
Seremos engolidos pela nova onda das gerações.
Então, é melhor nos adaptarmos.